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Projeto “Fósseis vão à Escola” é aprovado em Edital Internacional; uma parceria entre o Museu de História Natural de Mato Grosso e geólogo da UFMT

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“O nosso objetivo é encurtar a distância entre o conhecimento científico e os estudantes de comunidades localizadas próximas a sítios com ocorrência de fósseis”, explica Caiubi Kuhn

A The Palaeontological Association selecionou o Projeto “Fósseis vão à Escola”, proposto pelo Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (ECOSS) em parceria com geólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn. A iniciativa prevê a confecção de réplicas de fósseis, algumas em tamanho real, que serão levadas às escolas de comunidades localizadas próximas aos sítios fósseis nos municípios de Jangada, Barra do Bugres, Rosário Oeste e na região metropolitana de Cuiabá. Vão ser realizadas cinco exposições às escolas já em setembro deste ano, atingindo mais de 1000 pessoas.

Exposição piloto “Fossils go to School”, na Escola Municipal Santa Helena localizada em Chapada dos Guimarães, Mato Grosso (Foto: Caiubi Kuhn/Arquivo do Projeto).

De acordo com a curadora do Museu, Vitória Ramirez Zanquetta, a aprovação desse novo projeto vai permitir a amplificação do acervo da Exposição Itinerante do Museu, que foi montada em 2016. Ainda segundo Zanquetta as réplicas vão ser produzidas com material resistente que permitirá que as pessoas as toquem. “A ideia de confeccionar peças mais resistentes é permitir que possam ser tocadas, o que inclui as pessoas com deficiência visual no universo da paleontologia”, esclarece a curadora do Museu.

Para a criação destas peças, o paleoartista Carlos Scarpini, que já fez outras réplicas para o MHNMT, foi convidado pela equipe do projeto. Scarpini comentou um pouco sobre a importância das paleo réplicas na divulgação científica. “Trabalhar com a produção de paleo réplicas é muito gratificante, pois eu consigo traduzir o conhecimento presente nos fragmentos de fósseis em peças que serão usadas em exposição para a popularização da ciência”. E acrescentou: “Além disso, ao expor apenas as réplicas ao público, as peças originais ficam protegidas no Museu. E, assim, não correm o risco de serem danificadas”.

Carlos Scarpini criando réplicas no ateliê (Foto: Thiago “Zina” Crepaldi).

Esse projeto reforça o papel do MHNMT na promoção da educação e da cultura. O professor e geólogo Caiubi Kuhn reforça que essa iniciativa irá contribuir para encurtar a distância entre o conhecimento científico e as comunidades escolares. “Diante das longas distâncias entre escolas e o Museu, bem como os recursos públicos limitados para ações de divulgação científica, é comum que estudantes de áreas próximas a importantes sítios de ocorrência de fósseis terminem o ensino médio sem nunca ter ido a um Museu ou nunca ter visto um fóssil”, avalia o Geólogo.

Kuhn conclui dizendo da importância de difundir o conhecimento científico de modo que a população local entenda o que é um fóssil e sua relevância e importância para a humanidade. “Com isso, a gente espera democratizar o acesso aos acervos museológicos, fortalecer o ensino nas escolas rurais e comunidades tradicionais, bem como estimular o desenvolvimento de novas ações de preservação do patrimônio paleontológico nesses locais”.

A Exposição será composta por:

  • Painéis ilustrados que contam a história da Terra e a evolução da geologia regional;
  • Algumas peças do acervo do MHNMT serão selecionadas para compor a exposição;
  • Réplicas de fósseis e miniaturas de animais pré-históricos, relacionados aos sítios fossilíferos de Mato Grosso (por exemplo: crânio do Mastodonte, crânio do Pycnonemosaurus nevesi, perna do Saurópode).

Seleção das Escolas e Comunidades

Essa escolha levou em consideração a proximidade delas com os sítios paleontológicos como o sítio de Santa Elina, considerado o segundo mais antigo do Brasil pela presença de vestígios humanos nas Américas, que está localizado na Serra das Araras. É dessa região que vem a maior parte da coleção de Megafauna do MHNMT. Nas escolas selecionadas, cada turma de alunos será atendida individualmente, por cerca de 1 hora aula. Em relação às pessoas com deficiência visual, as réplicas vão poder ser tocadas, e desta forma possibilita a inclusão. A Exposição Itinerante ficará até dois dias em cada escola.

A equipe do Projeto selecionou as seguintes instituições:

  • 08/09 – Escola Estadual Indígena Júlia Paré – Aldeia Umutina, Município de Barra do Bugres 
  • 09/09 – Escola Municipal Isaac Rodrigues de Mesquita – Comunidade Bauxi, Distrito de Rosário Oeste
  • 10/09 – Escola Estadual Estevão Pereira de Almeida – Comunidade Bauxi, Distrito de Rosário Oeste 
  • 21/09 – Museu de História Natural de Mato Grosso –  Instituto dos Cegos – Município de Cuiabá
  • 22/09 – Escola Estadual Arnaldo Estevão Figueiredo – Município de Jangada

O Museu e os Fósseis de Mato Grosso 

O estado de Mato Grosso possui uma rica diversidade de sítios com registros fósseis. O Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (ECOSS), que gerencia o Museu de História Natural de Mato Grosso (MHNMT) em Cuiabá, durante pesquisas paleontológicas encontrou expressivos exemplares desses fósseis – animais marinhos do siluriano-devoniano e dinossauros do Neocretáceo (Chapada dos Guimarães-MT e Jangada Roncador-MT); e megafauna, de idade pleistocênica (Gruta Currupira, em Rosário do Oeste-MT).

O MHNMT salvaguarda esses fósseis desde de 2006, os quais fazem parte da Exposição Permanente como acervo paleontológico, junto com artefatos arqueológicos e indígenas. E desde 2016, o Museu tem estabelecido uma parceria com docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o que possibilitou fortalecer o Projeto de Exposição Itinerante que utiliza fósseis e painéis informativos para fazer chegar às escolas de regiões periféricas e das zonas rurais do estado do Mato Grosso.

O Museu de História Natural de Mato Grosso está localizado na Av. Beira Rio, n.º 2000, bairro Jardim Europa, com funcionamento de quarta a domingo, das 8h às 18h e entrada no valor de R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia). Aos domingos a visitação é gratuita. O Museu conta com ampla área verde próxima ao rio Cuiabá, café, loja de artesanatos, parquinho, reserva técnica e ampla exposição com fósseis de animais pré-históricos, acervo indígena com máscaras sagradas da etnia Waurá e itens históricos da Casa Dom Aquino, casarão histórico que abriga o Museu.

Thiago “Zina” Crepaldi – Assessor de Imprensa do Museu de História Natural de Mato Grosso.