A Cachoeira da Martinha, localizada no município de Chapada dos Guimarães é muito conhecida por sua beleza e facilidade de acesso. O local é muito frequentado, principalmente aos finais de semana, sem controle algum e tem sofrido fortemente os impactos de mudanças climáticas e uso desenfreado pela população.
O Complexo Cachoeira da Martinha foi tombado como Patrimônio Paisagístico e Histórico de Mato Grosso em uma parceria da Secretaria de Cultura do Estado e o Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (Ecoss), em 2007, que fez toda a pesquisa necessária para o tombamento da área. O Tombamento envolve um trecho de cachoeiras com poços de água cristalina no rio da Casca, um sítio Arqueológico Histórico de Engenho de Cana de Açúcar do século XVIII – XIX e uma nascente de água, somando o total de 1000 m² de área a ser preservada. Um espaço com uma riqueza cultural e ambiental imensurável, mas que tem sido muito maltratado e que necessita de proteção, respeito e fiscalização dos órgãos competentes e da própria população que o visita, assim como o ordenamento de um turismo sustentável de toda área tombada.
No início de 2020, uma enxurrada muito forte lavou as margens do Complexo Cachoeira da Martinha, arrastou toras, destruiu a vegetação, levou restos de pontes antigas e chegou até a modificar as rochas de tão forte. Desde então, o Instituto Ecoss comunicou a Secretaria de Cultura via denúncia, e a Secretaria encaminhou para a Secretaria de Meio Ambiente para pedir explicações do que está acontecendo, pois, esse tipo de enxurrada não é normal de acontecer e o local é tombado como Patrimônio Paisagístico e Histórico e exige um compromisso não só do governo, mas também da sociedade civil de preservar o local. É preciso fazer uma investigação do motivo dessa enxurrada, suas causas e consequências, para que isso não volte a ocorrer. Com o início das chuvas a preocupação retorna ainda mais forte, para que o local não sofra com impactos ainda maiores.
Os danos ambientais constatados na Cachoeira da Martinha revelaram um evento destruidor, nunca visto desde o tombamento, a 13 anos atrás. Mudanças climáticas e ocupação da área de entorno pelo agronegócio têm contribuído com a mudança na dinâmica das águas pluviais e fluviais do local, além do uso sem controle pela população.
Segundo Suzana Hirooka, presidente do Instituto Ecoss, as mudanças climáticas são produtos da nossa sociedade, o modo de como utilizamos e consumimos os recursos naturais devem ser direcionados, de modo que respeite a sobrevivência da diversidade cultural e ecológica, como é o caso da Cachoeira da Martinha.
O Instituto Ecoss reforça a necessidade de uma maior fiscalização da área que constate a atual situação deste patrimônio tombado, e diálogos com as Secretarias de Meio Ambiente e de Agricultura no sentido de otimizar de forma sustentável um plano de uso desse Patrimônio Paisagístico e Histórico do estado de Mato Grosso.
Radharani Kuhn – Assessora de Imprensa