EnglishPortugueseSpanish

“A luta continua e a disputa sempre vem”, destacou o indígena Paulo Domingos, do povo Xavante, no 10º Encontro Indígena 

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no whatsapp

“A luta continua e a disputa sempre vem”, destacou o indígena Paulo Domingos, do povo Xavante, no 10º Encontro Indígena 

O segundo dia do evento realizado pelo Museu de História Nacional de Mato Grosso acontece durante o Dia dos Povos Indígenas, nesta quarta (19); a programação segue até sexta (21). 

Por: Iasmim Sousa – Programa Jovens Jornalistas

Hoje (19) é celebrado o Dia dos Povos Indígenas. O 10º Encontro Indígena começou na manhã deste dia simbólico com roda de conversa para trocas socioculturais, na qual o pesquisador e líder indígena Nárru Yamalui, do povo Kuikuro da Terra Indígena (TI) do Xingu, ressaltou as diferenças culturais entre os povos indígenas e a importância da mudança do termo “Dia do Índio” para Dias dos Povos Originários através da Lei 14.402/2022, de autoria da primeira deputada indígena, Joênia Wapichana. 

“A gente não se identifica como índio, nós nos identificamos como nossa nação. Eu sou Kuikuro, não sou índio. Ele é Xavante, não é índio. Cada povo tem um nome, Xavante, Kuikuro, Bororo, Umutina que se identifica como etnia mesmo”, afirmou Yamalui.

Nárru Yamalui, do Povo Kuikuro, que participa pela quinta vez do Encontro Indígena, destacou a importância deste evento no Museu, que possibilita que várias etnias possam conversar entre si e ao mesmo tempo crianças e jovens não indígenas. Foto: Luiz Leite/Acervo MHNMT,

E completa: “Aqui você não está ouvindo antropólogo, historiador ou professor, mas quem está aqui  dando essa palestra para vocês é o próprio povo indígena”, apontou. 

O cacique da aldeia Tso’repré de Sangradouro, Paulo Domingos, do Povo Xavante, explicou que a palavra “índio” significa “gente sem deus” e “gente incapaz”, na gramática espanhola, o que não condiz com a realidade, por isso, o termo correto é povos originários ou povos indígenas. Paulo ainda ressaltou a importância do Dia dos Povos Originários.

“Nesta data a gente relembra que o Brasil era nosso, totalmente dos povos originários. Mas fomos empurrados, fomos mortos pelas doenças, epidemias, como sarampo, coqueluche e matança pelas armas. Hoje, a luta continua e sabemos que a disputa sempre vem”, destacou Paulo Domingos.

Paulo Domingos, do Povo Xavante, durante o 10º Encontro Indígena explicou que o termo índio reduz e limita a diversidade dos povos originários. Foto: Luiz Leite/Acervo MHNMT.

Odisléia Cassiano da Silva, coordenadora da Escola Municipal Dom Bosco do Praierinho, trouxe 32 alunos do terceiro e quarto ano do ensino fundamental e já esteve várias vezes nos encontros promovidos pelo Museu. Para ela, o evento foi maravilhoso, principalmente para as crianças que nunca tiveram esse contato com outras culturas. 

A coordenadora do Museu e Presidente do Instituto Ecoss, Enir Maria Silva, ressaltou que as pessoas indígenas sofrem muito preconceito e que o principal objetivo do Encontro Indígena é despertar nos estudantes que participam o sentimento de valorização das culturas indígenas.

“Essa programação é organizada desde 2008 quando apenas três etnias estavam presentes; e o público, em cada período, chegava a 50 pessoas. Com o tempo a ideia do encontro foi se fortificando e ganhando mais parceiros. Agora em 2023, na 10º edição, contamos com quase 60 indígenas representando oito etnias diferentes. Além disso, estamos recebendo um número expressivo de escolas e público espontâneo”, contou Enir.

Ela destacou ainda que a parceria com escolas públicas e particulares contribuiu para o salto de público, que, ontem (19), chegou ao total de 600 pessoas no primeiro dia de evento.

Isaac Amajunepá é representante do povo Umutina Balatiponé e participou pela primeira vez no Encontro Indígena junto com um grupo de estudantes da aldeia. Ele afirmou que essa ação fortalece o que os indígenas buscam através das lutas, o ser, fazer e viver dos povos originários.

“Eu acredito que um evento como esse é referência para os outros eventos dentro do Estado de Mato Grosso e do Brasil. Essa nossa vinda aqui fortalece nosso contato e nossa rede de conhecimento. Isso é muito importante, sobretudo para os alunos da escola da aldeia central, que vieram participar deste encontro. Isso fortalece as tradições que eles aprendem na escola, como a dança, a cultura e os saberes dos nossos ancestrais”, revelou Isaac.

Programação

A programação desta quarta-feira segue a partir das 14h com rodas de conversas e trocas socioculturais e às 15h acontecem vivências culturais com danças, pinturas corporais, contação de histórias e contato com arco e flecha. Logo depois, às 16h, acontece duas oficinas, uma sobre grafismos e cores, ministrada pela artista Kaya Agari, do povo Bakairi e outra oficina de pintura facial Boe Bororo ministrada pela Lidiane Kuruguwe Emugu. A programação completa e inscrições pelo site: https://www.sympla.com.br/evento/10-encontro-indigena/1950613

SERVIÇO:

10º Encontro Indígena é realizado pelo Instituto Ecoss, Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, com apoio do Museu de Etnologia e Arqueologia da UFMT e Univag.

O evento é gratuito e acontece de 18/04 a 21/04, no Museu de História Natural de Mato Grosso, localizado na Avenida Manoel José de Arruda (Beira Rio), nº 2000, bairro Jardim Europa, Cuiabá/MT. A programação completa está disponível em: https://www.sympla.com.br/evento/10-encontro-indigena/1950613

Contato: (65) 9 9686-7701 e Instagram: @museuhistorianaturalmt

O Museu de História Natural de Mato Grosso, gerido desde 2006 pelo Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (Instituto Ecoss), é um dos equipamentos culturais da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel).