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Formação para o respeito à diversidade étnica dos povos indígenas

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Formação para o respeito à diversidade étnica dos povos indígenas

Estudantes e professores interagem com representantes de povos originários e aprendem sobre a diversidade cultural por meio de roda de conversa, oficinas e vivências com danças e pinturas; o evento gratuito acontece no Museu de História Natural de Mato Grosso, em Cuiabá

Por Fernanda Nunes – Programa Jovens Jornalistas

Estudantes participam de dança com jovens indígenas dado povo Balatiponé, da aldeia Umutina. Foto: Mellissa Rocha/Acervo MHNMT

Apesar do clima de chuva, a tarde desta quarta-feira, 19 de abril, foi aquecida pela curiosidade e participação dos estudantes no 10º Encontro Indígena. A programação iniciou com apresentações de danças de quatro das cinco etnias indígenas presentes, as quais seus representantes, em seguida, participaram de uma roda de conversa respondendo perguntas dos estudantes e professores; e finalizou com oficinas de pintura corporal, grafismo e pintura facial Boe Bororo.

Exaltando o Dia dos Povos Indígenas pela diversidade cultural – diferentes línguas, costumes e crenças – as etnias Bororo, Kuikuro, Umutina e Xavante trouxeram suas danças e contaram os significados de cada manifestação, como o Jurê, dança da alegria dos Bororos e dança de Cura dos Xavantes, que ao reproduzi-la consideram que trará a melhora de seus enfermos. Com a participação de algumas crianças em cima do palco, o momento foi finalizado com as palavras do cacique da aldeia Tso’repré de Sangradouro, Paulo Domingos, do Povo Xavante. “Sem cultura não há povo. Nós perdemos muita coisa, mas temos nossa cultura, não conseguiram nos tomar a inteligência, nem a nossa arte”, frisou.

Iniciando a roda de conversa, os estudantes ficaram muito interessados em saber mais sobre o cotidiano das aldeias e as diferenças entre cada etnia. Perguntas como, o que vocês comem ou como é a casa de vocês, mostraram ao público as diferenças reais de seus costumes, pois as respostas variaram entre, sociedades que sobreviviam mais com pesca ou cereais e farinhas, até curiosidades do consumo de carne de caça e a utilização de couro de animais silvestres em manifestações espirituais. 

Uma outra pergunta ganhou a atenção do público ao descobrir que o significado das pinturas corporais e ornamentos usados pelo representante da etnia Kuikuro – brincos, braceletes e cinto – e dos demais parentes mostravam que aquele momento era especial, um evento de festa. 

Em seguida, houveram as vivências socioculturais, nas quais os indígenas puderam mostrar aos participantes as suas habilidades artísticas e as belezas dos diferentes tipos de representações na pele através das pinturas corporais.

Camila Parabara Ekureudo, 20 anos, do povo Boe Bororo, durante as vivências socioculturais do 10º Encontro Indígena. Foto: Mellissa Rocha/Acervo MHNMT

Finalizando o dia, aconteceu as oficinas de grafismo e pintura facial Boe Bororo, ministradas respectivamente por Kaya (Ana Patrícia Karugâ Agari), do povo Kurâ-Bakairi, e Lidiane Kuruguwe Emugu, da etnia Boe Bororo. Kaya explicou que o grafismo do povo Bakairi retrata no corpo a arte que vem de milhares de anos. “Eu espero que as pessoas que participarem da oficina vejam como a nossa cultura tradicional é rica e possam levar um pouco dela pra casa. Nossa arte resiste ao tempo. Nós estamos resistindo a milhares de anos”, diz Kaya, 36 anos, ao ser perguntada sobre suas expectativas em ministrar o curso.

A estudante de História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Camilly Marques Cavalcante, 20 anos, foi uma das mais  de 300 pessoas que estiveram no Museu na tarde desta quarta-feira. Ela ficou sabendo do evento através de uma tutoria na Universidade que aborda a história afro e indigena brasileira e se diz feliz por conseguir fazer parte e poder aprender de maneira imersiva o que vê em sala de aula. E destacou que as discussões do Encontro são mais ricas e valiosas por serem a partir da perspectiva dos próprios povos indígenas. “Não se tem uma verdade absoluta. Tem coisas novas, culturas, povos diferentes, línguas diferentes e a gente pode aprender. E aqui foi muito interessante, porque eu tive a oportunidade de ouvir e vivenciar parte da nossa história, a história dos povos originários”, diz Camilly Marques.

SERVIÇO:

10º Encontro Indígena é realizado pelo Instituto Ecoss, Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer, com apoio do Museu de Etnologia e Arqueologia da UFMT e Univag.

O evento é gratuito e acontece de 18/04 a 21/04, no Museu de História Natural de Mato Grosso, localizado na Avenida Manoel José de Arruda (Beira Rio), nº 2000, bairro Jardim Europa, Cuiabá/MT. A programação completa está disponível em: https://www.sympla.com.br/evento/10-encontro-indigena/1950613

Contato: (65) 9 9686-7701 e Instagram: @museuhistorianaturalmt

O Museu de História Natural de Mato Grosso, gerido desde 2006 pelo Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (Instituto Ecoss), é um dos equipamentos culturais da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel).